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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Alagados do Cine Bernardes

Texto escrito por: Roney Faria Gomes

No Cine Bernardes, perdi as primeiras cenas, cheguei atrasado. Uma bala já havia partido o coração de um presidente. Em outra cena um novo ator, a grande estrela. O “artista” do impossível dizia querer luz, muita luz... e num gesto brilhante articulou, o desarticularam, mas executou. Em pleno cerrado criou um mar. A plateia apavorada ficou paralisada quando deu o blecaute. Somente os loucos, o Necreto, o Zé Mudo, a Gertrudes, o Zé Rozeno e até o Taboca se encheram de lucidez na ilusão de tanta luz. Chegamos a crer que havia embolado a fita. Inundou o Cine de água e não chovia.

Seu Du disse fim!... mas era apenas uma cena interativa num breu de coadjuvantes acendendo velas, lampiões e lamparinas que nos deixavam com o nariz enfumaçao com cara de palhaço.

O artista sorria feliz, a água invadia e o Cine se alagava. Os malucos foram perdendo a graça e a lucidez, aí tivemos que nadar e fomos pelos barrancos em busca de uma saída com dignidade. Quando na escuridão encontramos a margem, cada um tomou uma direção.

Ao longe se via o clarão da luz que dava voltas e não voltava. Baixou a água, mas ficamos na lama e no breu.

O Tito tinha uma lanterna, no bar do Bode, um lampião, todos em uma grande sinuca. O Duna quis quebrar o Pau, o Padre protegeu o Açude com o Dino na retaguarda. O Bil sabia, se não fizesse a música, o Geraldo faria.

Cumprimos “os planos de metas” que nos foram confiados e recebemos um abraço no afago alagado do grande lago, quase morremos afogados.

Os atores se foram. Ainda cantamos em coro “esse é um país que vai pra frente”, mas não nos deram a direção. E quem não sabia nadar, pra que lado iria se mudar? Foram-se para todos os cantos.

Hoje de longe, numa saudade mordida, acessamos o blog do Harley Moura para dizer que podemos voltar. E se tiver algum ingresso do Cine Bernardes, não nos esqueçam. Anote meu celular.

2 comentários:

Lucas Donizete da Silva disse...

Olha aí, gente, mais um conterrâneo cheio de talento e conhecimento de nossa história e de nossa cultura.

Um excelente texto - uma ficção repleta de flashs de lembranças dos tempos da inundação.

Caro amigo Roney, seja bem-vindo a este espaço, que você já frequentava como "leitor". Parabéns pelo trabalho e muito obrigado por nos presentear com esta pérola. Sei que você tem mais...

Alberto Oliveira disse...

Caro amigo e conterrâneo Roney, O seu maravilho texto me emocionou e me fez viajar no tempo recordando o cine do Sô Du e também essas importantes pessoas que fizeram parte da história de Morada Nova - com as quais tivemos o prazer de conviver. Fiquei feliz por ter citado meu pai - o velho Josias Bode. Você só faltou uma coisa - o número do celular (rsrsrsrsrsrs )mande nem que seja através de mensagem privada. Foi muito bom te encontrar por aqui
Obrigado e um abração !