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quinta-feira, 15 de março de 2012

DEU PINGONGO NA LINGUAGEM

Pois é... O tempo passou. A eletricidade rodeou a ponta da represa e, com ela, veio o progresso, a eletrificação rural.

Tem até aquela história do caboclo que instalou uma lâmpada só, num fio comprido. E andava com ela pela casa a fora. Como se fosse uma lamparina na ponta d'uma linha.

Mas essa é uma outra história. O povo já tinha aprendido a usar a eletricidade. Os prefeitos já tinham melhorado o Junco, que agora já tinha posto de saúde, de dentista, de telefone, lavanderia e até Escola de Ensino Fundamental. Com isso ninguém precisava mais sair pra procurar escola nem conforto. A população já tinha até aumentado. A venda de bicicleta também. Ainda mais que ali é tudo chapadão. Tudo plano. Bom mesmo pra andar de bicicleta.

Foi numa dessas aí que tinha resolvido mudar de vida. Formado na prática, resolvera montar uma oficina de bicicletas. Ali em casa mesmo. Pelo menos nas horas de folga.

Tinha pegado uma escova, velha, de dentes, uma latinha de tinta de engraxar sapato e, com elas, escrito num pedaço de tábua: Concertador de Bicicleta.

O filho, que já estava estudando, deu de implicar. Disse que estava errado. Tinha que ser com S. Não com C. Conserto é para coisa que deu pingongo, enguiçou. Concerto é de música, não tem nada a ver com enguiço, estrago, defeito: tem a ver é com harmonia.

Pois então, contra-argumentara com o filho, queria dizer arrumar bicicleta, mas também desamassar, pintar; consertar a bicicleta e concertar a beleza dela, o “visu”, como dizia o filho – colocar ele em harmonia de novo.

É baixo! Não adiantou de nada! Tinha virado disputa. Questão de honra. O filho tinha que ganhar do pai, mostrar que, ao menos em coisa de escola, ele podia mais. Bateu o pé, não admitia passar a vergonha de ver o Erro de Português do pai sendo visto por todo mundo.

Não queria magoar o filho, mas também não queria dar o braço a torcer. Então foi só trocar a tábua e escrever:

Desenguiçador de bicicleta.

---OoO---

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