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quarta-feira, 23 de março de 2011

Meio Ambiente

Agricultura viciada

Alberto Antonio de Oliveira

Fumaça, fábricas, lixo espalhado pelo chão, bitucas de cigarro, buzinas de carros, pichações por toda parte. Quando pensamos em poluição, logo vêm à cabeça os grandes centros urbanos. E ao pensar em tranquilidade e limpeza, lembramos daquele sitiozinho no interior... Mas, existe um tipo de poluição no meio rural que é tão ou mais nociva do que as fumaças que saem dos carros. Ela quase não é vista e sua origem é difícil de ser identificada. A po­luição difusa no campo pode ser causada por dejetos de animais e pelo processo erosivo, acentuado pelo mau manejo do solo. E, jun­to com o solo desgastado, os cursos d’água também recebem re­síduos químicos provenientes do uso de agrotóxico. É aí que mora grande parte do problema.

Os agrotóxicos, ou defensivos agrícolas, são substâncias apli­cadas na plantação com o objetivo de combater as pragas e ace­lerar o tempo de colheita. Esses produtos vêm sendo utilizados no Brasil desde a década de 60. De acordo com dados da Associa­ção Nacional das Empresas de Defensivos Agrícolas, entre 2008 e 2009 o volume de vendas no Brasil foi de mais de sete bilhões de dólares, o que representa a aplicação de 734 milhões de toneladas de venenos na agricultura – quase cinco vezes mais que a safra de grãos no Brasil de 2009/2010!

Engana-se quem pensa que só as grandes propriedades é que aplicam esses produtos. O coordenador do Projeto Manuelzão, Tarcísio Pinheiro, explica que também os pequenos proprietários adotam a prática. O agrônomo e doutor em Engenharia Agrícola, Edson Oliveira, associa o uso de defensivos agrícolas a uma certa tradição, uma ideia de que não é possível plantar sem agrotóxicos. O produtor aplica porque o avô dele aplicava, o pai dele aplicava e ele acaba aplicando também, sem saber o motivo”, exemplifica.

Como um remédio que provoca efeitos colaterais, também os agrotóxicos, aplicados em determinado local, acabam afetando outras regiões. Esses produtos se dispersam com o vento e, por meio da erosão do solo ou da água da chuva, acabam atingindo rios e córregos próximos. Sem contar que podem permanecer no solo onde foram aplicados por muitos anos, mesmo depois que a plantação já acabou. E até mesmo a embalagem desse “remédio” causa danos se o descarte não for feito de forma adequada.

Os riscos vão além dos recursos naturais e afetam a saúde hu­mana. Tanto do consumidor final que coloca na mesa um alimento contaminado, quanto do produtor rural que é quem lida diretamen­te com a substância. Os agrotóxicos são absorvidos pelo corpo pelas vias respiratórias, pela pele e por via oral. Uma vez no or­ganismo humano, podem causar intoxicação e levar a alterações imunológicas e genéticas, efeitos prejudiciais sobre os sistemas nervoso, respiratório, cardiovascular, além das reações alérgicas e até mudanças comportamentais. Estudos acadêmicos inclusive apontam a relação direta entre o uso constante de agrotóxicos e aumento do índice de mortalidade por câncer em produtores rurais de algumas áreas no Brasil.

O coordenador da fiscalização do uso e comércio de agrotóxicos do IMA, Thales Pereira, acredita que a redução de impactos dos defensivos agrícolas está em grande parte nas mãos do produtor. “A dificuldade é a questão educativa, a consciência do produtor de usar só quando realmente precisa e não desnecessariamente. É preciso que ele compreenda os malefícios que o uso indiscriminado de agrotóxicos pode causar e, mais ainda, como a diminuição no uso de defensivos pode agregar valor ao seu produto.

Essa pratica valoriza o alimento e, além de garantir a boa conduta agrícola, au­menta o lucro do produtor. As políticas de incentivo, também são importantes ações voltadas para a educação ambiental, com as comunidades rurais, com os consumidores e nas escolas e fa­culdades de agronomia.

Dá para viver sem

A agricultura livre de agrotóxicos é chamada de agricultura orgâni­ca, ou agroecologia, e é uma alternativa para evitar os danos, ao meio ambiente e à saúde, causados pelos resíduos da agricultura tradicional. É uma forma de preservar os recursos hídricos, os solos e o equilíbrio ecossistêmico.

Na agricultura orgânica as pragas são combatidas sem produ­tos químicos, mas por seus inimigos naturais, como pequenos inse­tos. E, para fazer a planta crescer, é usado o processo de adubação a partir de dejetos de animais. Assim, evita-se um dos problemas causados pelos pesticidas, que é extermínio de outras espécies além da praga que se quer combater, o que prejudica o equilíbrio da cadeia alimentar. Essa forma de produção é também mais sau­dável, tanto para o consumidor quanto para quem lida diretamente com os agrotóxicos.

Fonte: Revista Manuelzão, outubro de 2010.

Autoras: Camila Bastos e Júlia Marques

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