Quinze meses após anúncio de descoberta em Morada Nova de Minas, consórcio decide aprofundar estudos
EUGÊNIO MORAES
Precária infraestrutura de Morada Nova de Minas segue sem solução
Habitantes de Morada Nova de Minas, na Região Central, começam a desanimar quanto à promessa de desenvolvimento econômico que a existência de gás natural pode trazer ao município.
O anúncio da descoberta de um reservatório de gás ocorreu no início de setembro de 2010, um mês antes das eleições,em cerimônia no Palácio dos Despachos, em Belo Horizonte, pelo consórcio Cebasf, que conta com participação da empresa estadual Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig).
Passados quinze meses, o poço perfurado pelo consórcio não teve a comercialidade declarada oficialmente, apesar de, à época, a jazida chegar a ser comparada a “meia Bolívia”.
Os estudos já divulgados pelo Cebasf apontaram para um volume estimado entre 176,5 bilhões de metros cúbicos e 194,6 bilhões de metros cúbicos de gás natural na área de concessão da empresa, o que representaria uma capacidade de produção para 25 anos. Mas a euforia cedeu lugar à cautela.
Em seis dias vencerá a fase de exploração do bloco 132, onde está localizado o poço do Cebasf em Morada Nova de Minas, e não há sinais de que a fase comercial será inaugurada logo. Pelas regras do setor, expirado o prazo, a empresa concessionária deve declarar a comercialidade da reserva e prosseguir com os trabalhos para a extração, ou devolver a área à União.
Mas, conforme o diretor de Óleo e Gás da empresa, Frederico Macedo, o consórcio está em fase de análise das informações recolhidas entre 2006, quando foram iniciados os estudos, e 2011. De acordo com Macedo, a empresa negocia a prorrogação do prazo de pesquisa junto à Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Enquanto o novato Cebasf adota a cautela após ter anunciado a descoberta, a experiente Petrobras já perfura o terceiro poço na Bacia do São Francisco, porém sem confirmar a identificação de reservas comerciais. A Petrobras encontrou indícios de gás nos dois primeiros poços, em Brasilândia de Minas e João Pinheiro, mas o coordenador do projeto da companhia na Bacia do São Francisco, Heitor Roberto Furrechia, declarou, em novembro, que nos poços não havia gás em condições comerciais.
Enquanto os anúncios da comercialidade do gás natural da Bacia do São Francisco se desencontram, uma autoridade municipal de Morada Nova de Minas, que prefere não ser identificada, afirma que a cidade patina nas previsões do consórcio para o longo prazo. Até o momento, nenhum reflexo de melhoria na região foi percebido.
“Na época, o governador disse que a estrada que leva à balsa, por exemplo, seria asfaltada. O objetivo era facilitar a chegada das grandes empresas ao município e a extração do gás em nível comercial. Porém, a estrada continua da mesma forma”, afirma.
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