por Monique Soares de Sousa
Quem nunca pensou em viajar pelo mundo afora, conhecer diversos países, novas culturas, pessoas e desbravar territórios até então desconhecidos? Com certeza, muitos já se imaginaram nessa situação. E se os quilômetros dessa viagem fossem percorridos à bordo de uma motocicleta, enfrentando chuva, sol, frio, calor? Provavelmente, a resposta não seria a mesma. Mas foi justamente esse detalhe que motivou o abaeteense Carlos Paulo da Silva (Pezão), de 34 anos e Helenice Ribeiro, de Morada Nova de Minas, a realizar uma aventura sem precedentes. Há 18 meses, os dois estão na estrada, percorrendo o continente americano, desde o Alasca até a argentina Ushuaia (conhecida como a "Cidade do fim do mundo"), ao longo de 23 países.
Morando em Londres, Inglaterra, há mais de 11 anos, os dois se prepararam durante todo o ano anterior ao início da viagem. "Eu trabalhava fazendo entregas de moto e a Helenice era gerente de restaurante. Nesse ano, nós paramos de gastar e economizamos para a viagem", conta Pezão, durante uma passagem por Abaeté, no percurso dos 27 estados brasileiros.
Há mais de 3 meses no Brasil, eles ainda vão percorrer as regiões centrooeste e sul, antes de chegar ao Paraguai, Uruguai e Argentina. "Já fizemos mais de 65.000 km. A distância do primeiro pontinho no norte do Alasca ao Sul da Argentina é de 17.000 km, mas resolvemos fazer um percurso bem maior do que a maioria das pessoas fazem, para realizar um sonho", explica Helenice que, após a conclusão do trajeto, pretende retornar a Minas e descansar, "tirar férias de suas férias".
Na motocicleta, o casal leva barraca, saco de dormir, ferramentas e duas maletas com roupas básicas e objetos pessoais. Na maioria dos países, eles gastam uma média de 100 dólares por dia, mas no Brasil esse valor é considerado impraticável. "Viajar pelo nosso país sai mais caro até que ir aos Estados Unidos. Aqui, precisamos de pelo menos 150 dólares por dia. Falamos que quem viaja no Brasil viaja em qualquer parte do mundo", analisa Carlos.
Para eles, o principal para tornar possível uma viagem como essa não é o dinheiro, mas a coragem, a vontade de fazer com que os planos sejam realidade. "Quando falei ao meu chefe que ia deixar a empresa onde eu trabalhava há 14 anos para viajar, ele não acreditou. É difícil essa decisão, mas se você falar: "eu vou fazer", consegue concretizar qualquer coisa", acredita Helenice.
O casal de motociclistas coleciona histórias curiosas e inusitadas para contar, ao longo de todos os lugares visitados. Mas afirmam que o mais marcante na viagem são as pessoas que conhecem. "Nunca vamos esquecer do carinho e apoio que recebemos no México, onde tivemos que passar cinco meses, nos recuperando de um acidente onde eu quebrei a perna", diz Pezão. "Essa viagem seria só pra curtir mesmo, mas aprendemos coisas que não aprenderíamos nem se vivêssemos mais cinco vidas", completa Helenice.
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